I Ciclo Ibérico de órgão trouxe a Arouca vários organistas de renome

O programa deste ciclo constou da interpretação de peças de autores do sec. XVI-XVIII para órgão ibérico e a sua execução trouxe a Arouca prestigiados organistas especializados neste tipo de órgão

Promovido pela Real Irmandade Rainha Santa Mafalda, com a supervisão técnica do organista titular do órgão do Mosteiro de Arouca, Paulo Bernardino, teve lugar, no cadeiral do Mosteiro de Arouca o I Ciclo ibérico de Órgão Rainha Santa Mafalda que decorreu nas tardes dos dois últimos domingos de agosto e dos dois primeiros domingos de setembro.

O programa deste ciclo constou da interpretação de peças de autores do sec. XVI-XVIII para órgão ibérico e a sua execução trouxe a Arouca prestigiados organistas especializados neste tipo de órgão.

Os organistas

Além de Paulo Bernardino que é também organista titular da Sé Catedral de Coimbra, bem como organista titular da Capela da Universidade de Coimbra, deram vida a este ciclo de órgão ibérico a organista espanhola Marisol Mendive, que é também a presidente da Associação de amigos do órgão da Galiza e cujo reportório foi todo ele preenchido por autores espanhóis dos sec. XVII e XVIII. 

Os dois concertos de setembro estiveram a cargo dos organistas Rui Fernandes Soares e João Santos.

Natural de Fiães, Santa Maria da Feira, Rui Soares, além de organista é também cravista e desempenha a função de organista na igreja da Senhora da Conceição no Porto, tendo sido nomeado, desde 2014, organista titular da igreja dos Clérigos, onde é o responsável pelos concertos diários de órgão que aí se realizam.

Por sua vez, João Santos tem-se destacado nas áreas de Órgão e de Composição, tanto a nível nacional como internacional, tendo participado em prestigiados concursos internacionais de órgão. Foi organista titular do Santuário de Fátima de 2010 a 2018 e é, atualmente, o organista titular da catedral de Leiria, desde 2007.

Do coro alto para o coro baixo

Apesar dos organistas atuarem no coro alto, onde está o acesso ao teclado, o público presente pode acompanhar, mais de perto, através da projeção em plasma, ao nível do coro baixo, toda a sua atuação, quer no teclado, quer na mudança dos diversos registos.

Construído pelo organeiro Manuel Bento Gomes Ferreira, natural de Valladolid, entre 1739-1741, este órgão tem 1352 vozes, alimentadas por 24 registos. Trata-se de um órgão ibérico muito apreciado pelos especialistas, que o consideram um dos mais importantes exemplares da organaria deste tipo no mundo.

Este ciclo de concertos, que trouxe a Arouca conceituados organistas especializados neste tipo de órgão, permitiu ao público presente apreciar, não só as enormes potencialidades sonoras deste órgão ibérico, como admirar toda a beleza da arte barroca que o rodeia, quer em talha dourada, quer em pintura e estatuária.

De acordo com números recolhidos, junto dos serviços de entrada no Mosteiro, terão passado por este ciclo de 4 concertos mais de 400 pessoas.

Batalhas sonoras

De referir que todos os 4 concertos terminaram com a interpretação de “Batalhas” de autores diversos, sendo Pedro de Araújo (1640-1705) o compositor português e organista da Sé catedral de Braga (1662-1665) quem mais se destacou neste tipo de composição para órgão ibérico.

Trata-se de um género musical surgido em Portugal e Espanha e que se tornou popular nos sécs. XVII e XVIII, procurando tirar partido das características próprias do órgão ibérico, cujos tubos horizontais, providos de palhetas, permitem emitir um som estridente e vibrante, como o de trombetas incitando os supostos guerreiros a combater numa imaginária batalha que, personifica a batalha sonora entre o Bem e o Mal.

Memória e reconhecimento ao Dr. Luís Aguiar Soares

Este primeiro ciclo de concertos de órgão de Arouca foi financiado pelos filhos do Dr. Luís Aguiar Soares, pelo que tal evento cultural e musical constituiu também uma homenagem de memória e de reconhecimento a este médico arouquense.

Nascido em Arouca (Rossas), em 1940 e falecido em 2010 (30 de abril) Luís Aguiar Soares, tirou o curso de Medicina do Porto, onde foi um aluno “brilhante”. Concluída a licenciatura, foi para Angola, onde assumiu as funções de Assistente Universitário na Universidade de Luanda, tendo aí concluído a especialidade em patologia clínica.

Benemérito de diversas instituições, algumas delas arouquenses, é também ao Dr. Luís Aguiar Soares que se deve a instalação, em espaços do Mosteiro de Arouca, da Biblioteca Memorial D. Domingos de Pinho Brandão em 2015.

José Cerca

João Santos e Paulo Bernardino
sobre o autor
Ana Isabel Castro
Discurso Direto
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