Como é Ser Bombeira?

A experiência profissional de ser mulher e Bombeira na Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Arouca

As raízes Históricas dos Bombeiros Voluntários de Arouca remonta à década de 60 do século passado,quando um grupo de arouquenses se uniu após um incêndio em Santa Eulália. No entanto, a instituição oficial dos Bombeiros de Arouca só ocorreu em 1977. Durante os primeiros 25 anos, os homens eram os únicos a desempenhar este papel, respondendo a chamadas de emergência, combatendo incêndios e prestando assistência em situações de crise. Foi apenas em 2002, após um quarto de século de serviço incansável à população de Arouca, que o Corpo Feminino dos Bombeiros de Arouca foi finalmente estabelecido, sendo um marco importante em direção à igualdade de género numa profissão tradicionalmente dominada por homens.

Após duas décadas desde a formação deste Corpo Feminino, agora, em 2023, o Discurso Directo teve a oportunidade de entrevistar três operacionais de Arouca – Cristiana Dias, Marta Pereira e Carla Vieira de modo a apurar quais as suas condições de trabalho, a sua perceção da equidade no ambiente de trabalho e o motivo que as levou a ingressar nesta carreira.

O início e a progressão da carreira

Todas as bombeiras entrevistadas afirmam gostar muito do trabalho que desempenham. Enquanto Cristiana Dias e Carla Vieira ingressaram nos Bombeiros em 2012, Marta Pereira inscreveu-se em 2002, entrando diretamente, nesse ano, para o então criado quadro feminino da corporação. Apesar de terem entrado para a Corporação em anos distintos, as trajetórias das suas carreiras apresentam semelhanças. Começando como estagiários, os bombeiros voluntários passam por uma formação completa e abrangente, preparando-se para atender às necessidades dos cidadãos. Após avaliações teóricas e práticas, avançam para a categoria de bombeiros de 3.ª. A partir desse ponto, a progressão na carreira continua, e, se a organização demandar, têm a oportunidade de integrar a Equipa de Intervenção Permanente como profissionais, como aconteceu com Carla Vieira em 2018, e Cristiana Dias em 2021. No entanto, mesmo com a mudança para o estatuto de profissionais, Carla e Cristiana continuam a desempenhar trabalho voluntário, sublinhando que em Arouca “não existem profissionais que não sejam voluntários”.

Diferenças de género e discriminação no local de trabalho

Quando questionadas sobre o tema, todas as entrevistadas partilharam experiências que apontam para uma forma de discriminação que nunca se manifestou de forma direta, pelos seus colegas e superiores, mas sim devido ao contexto sociocultural em que todos nós crescemos e vivemos.

Porém, Marta Pereira destacou como no início da sua carreira enfrentava desafios extra devido a fazer parte das primeiras equipas compostas por mulheres nos Bombeiros de Arouca. Marta, detalhou que “talvez nos primeiros anos tenhamos tido que demonstrar um pouco mais as nossas capacidades”, devido à existência de mulheres nos Bombeiros ser uma “novidade para todos”.

No entanto, atualmente, todas destacam que as coisas mudaram significativamente. Independentemente do género, todos os bombeiros têm igualdade de oportunidades para se adaptar a diversas situações, e mostrar os seus talentos e habilidades, e as diferenças de género já não representam um obstáculo ao desempenho eficaz de suas funções.

Nuno Pinto

Marta Pereira com o seu filho no 46º Aniversário dos BVA;
Cristiana Dias em serviço;
Carla Vieira;
sobre o autor
Ana Isabel Castro
Discurso Direto
Partilhe este artigo
Relacionados
Newsletter

Fique Sempre Informado!

Subscreva a nossa newsletter e receba notificações de novas publicações.

O envio da nossa newsletter é semanal.
Garantimos que nunca enviaremos publicidade ou spam para o seu e-mail.
Pode desinscrever-se a qualquer momento através do link de desinscrição na parte inferior de cada e-mail.

Veja também