Como é do conhecimento geral vivemos, atualmente (o tema é velho) numa acentuada ausência de valores éticos e morais no poder político.
Por exemplo, o parentesco entre governantes e os seus nomeados. Quando suou o alerta na comunicação social, gerou-se um grande desconforto junto do Governo e até do Presidente da República o que levou à necessidade de, no meu ponto de vista, desesperadamente, encontrar uma solução para “calar” a comunicação social e assim encerrar a “coisa”. Ou seja, arranjava-se uma lei à pressa e silenciava-se o assunto e aparentemente, estava resolvido porque saía dos holofotes. É o normal quando acontecem estes problemas.
Naturalmente a pressa é inimiga da perfeição. E aqui não seria diferente. Veja-se como o Presidente da República se disponibilizou para ajudar na elaboração ou retificação da lei. Pergunto, quando é que um Presidente da República legisla, faz leis? Adiante.
Não é à pressa nem desta forma que se tenta resolver um problema que é estrutural do nosso país. Não é um problema novo, mas está a atingir uma proporção gigantesca que põe em causa a idoneidade de todos os que possam ser nomeados tal como a credibilidade do atual Governo. Não é fazer uma lei já e agora que vai resolver o problema. Pelo contrário.
Não é uma questão legal, certamente, mas sim uma questão Ética. O Direito deve fundar-se na Ética. Pergunto: que princípios devem comandar as escolhas dos cargos políticos? Qual o carácter de quem exerce funções governamentais?
O que é curioso é que umas das formas de distrair o povo do problema foi dizer-se que outros também o fizeram. Uma justificação que se encontra em crianças do primeiro ciclo. Enfim!
Outra situação que revela falta de Ética é a propaganda política em torno da situação da economia portuguesa. Para dentro do país há um discurso, por parte do Governo, que acabou a austeridade, que estamos a crescer acima da média europeia, blá, blá, blá, e para fora a comunicação é diferente e verdadeira. Refiro-me a uma reportagem saída no Financial Times, jornal financeiro britânico, onde o ministro Centeno admitiu que afinal a austeridade não foi embora. Admitiu que “não houve uma dramática” viragem da austeridade, mas apenas o governo fez mudanças, mas “não foram grandes mudanças” em relação ao anterior governo.
A questão que se coloca é que o discurso não é coerente nem verdadeiro quando se afirma para dentro do país que os sacrifícios acabaram e reconhecem para fora que afinal não é verdade. Esta ideia está na base de inúmeras greves a reivindicar melhoria de vida depois de tantos sacrifícios. Se estamos tão bem…. Afinal temos a maior carga fiscal de sempre!
Outro erro é que estamos a sustentar a nossa economia no consumo interno. E se ele baixa? Não havendo investimento, ao contrário do que se propagandeia, poderemos voltar a números de deficit elevadíssimos e a mais sacrifícios. Muitos países concorrentes connosco, dentro da União Europeia, estão a crescer duas e três vezes mais do que Portugal. Isto não se diz!
Exige-se um discurso verdadeiro para os portugueses. A falta de Ética leva a este vale tudo para vencer eleições. Cada um deve refletir no que se está a passar. Depois não se queixem.
Texto de Carlos Matos
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